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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Borges e a função da arte

Belo trecho de um documentário a respeito de Jorge Luis Borges. A partir da metade do video, Borges concede uma entrevista na qual ele discorre sobre a função da arte e a tarefa suprema de todo artista. É uma interessante visão pessoal e emotiva de um dos maiores gênios literários do século XX a respeito do caráter humanizador da arte. Vale a pena conferir.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

No labirinto de Borges

Nesta minha paixão por literatura, um escritor por quem tenho um sentimento, ao mesmo tempo, de admiração e assombro por tamanha qualidade artística é Jorge Luís Borges. O contista argentino tem um jeito peculiar e (quase) inacessível para nós, meros leitores mortais, de contar uma história. Ler um conto de Borges é uma experiência catártica, de imersão numa erudição quase infinita, é ser transportado para um mundo labiríntico, cheio de sugestões propositais, de símbolos e outros recursos usados pelo mestre. O conto que mais me fascina da sua obra é Ruínas circulares, do livro Ficções, publicado em 1944.
A narrativa conta a história de um forasteiro misterioso, com ares de feiticeiro, que chega a um antigo templo em ruínas, de forma circular, com o único objetivo de sonhar, por isso, passando a maior parte do seu tempo dormindo. O que o personagem deseja com esta imersão na imaginação é sonhar um homem “com uma integridade minuciosa e impô-lo à realidade”. Desejava fazer com que uma das suas criações oníricas fosse digna de ascender à condição de indivíduo. Depois de várias tentativas e sonhos desperdiçados, ele consegue atingir seu objetivo: finalmente, um de seus sonhados separou-se dos seus sonhos e foi fazer parte da realidade, como um simulacro. Porém, ao fim, o protagonista também descobre, atônito, que não é mais do que aparência, projeção de um sonho. E, desta forma, podemos ver no conto, de forma implícita, uma reflexão sobre o tema da originalidade (ou incapacidade dela) nas criações humanas. Fica mais clara esta reflexão na seguinte passagem do conto: “não ser um homem, ser a projeção do sonho de outro homem, que humilhação incomparável, que vertigem!”
Percebe-se, através deste conto de Borges, a complexidade da sua obra, a recorrência do tema da imortalidade e do confronto entre o mundo das idéias e o mundo material.

Ildefonso Alves 
 
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